Descubra as estatísticas dos principais vestibulares brasileiros!

Se você é vestibulando, não pode deixar de ler este artigo!

Estamos perto do fim do ano, e, com ele, chega a temida época de vestibular. A pressão é alta e as dúvidas sobre a pontuação necessária para a aprovação são frequentes, então estamos aqui para apresentar uma análise dos últimos anos.

No último domingo, ocorreu a prova da 1ª fase do vestibular da Unicamp e, em breve, serão  aplicados os de outras universidades. Para ajudar você, vestibulando(a), fizemos uma análise das notas em alguns deles, considerando os três últimos relatórios disponíveis do ENEM e da FUVEST (USP) – 1ª fase.

ENEM

Estão disponíveis as sinopses estatísticas das provas realizadas entre os anos de 2009 e 2019 (você pode encontrá-las aqui). Neste artigo, serão analisadas as edições de 2017, 2018 e 2019. Os comentários que serão realizados a respeito de notas e desempenho se referem às notas gerais, independente do curso em questão. Dessa forma, dependendo da concorrência e da nota de corte, é necessário atingir pontuações diferenciadas para que se tenha um “bom desempenho”. Assim, as análises geralmente corresponderão à nota necessária para ser classificado entre os 10% melhores, o que pode ou não ser suficiente para a aprovação no curso escolhido.

2017

Na prova de Ciências da Natureza de 2017, a nota média foi de 511 pontos, que foi próxima da mediana e da moda, um indício de que os dados são simétricos. Além disso, o desvio padrão foi 72 e a nota máxima, 886. Abaixo, há um esboço da distribuição das notas.

É possível notar a simetria do gráfico, conforme previsto acima. Ademais, mais de 83% dos candidatos obtiveram notas entre 400 e 600, ou seja, obter mais de 600 pontos pode ser um indicativo de bom desempenho.

Já na prova de Ciências Humanas, a média foi 518,82, com máximo de 868,3, e desvio padrão de 83,41 pontos, ou seja, as notas foram mais dispersas que em Ciências da Natureza. Um esboço da distribuição das pontuações é:

Uma consequência do maior desvio padrão é que, apesar de terem médias semelhantes, mais de 17% dos participantes obtiveram mais de 600 pontos, contra 12% na área anterior. Além disso, as pontuações também estiveram concentradas entre 400 e 600 pontos.

Com relação à prova de Linguagens, o desvio padrão e o máximo foram os menores dentre as quatro áreas do conhecimento, sendo, respectivamente, 66,71 e 788,8, enquanto a média foi de 510,21 pontos. Um esboço da distribuição das notas é:

É possível observar que o gráfico é assimétrico à esquerda e que a maioria das notas (51,4%) estão entre 500 e 600 pontos. Assim, obter uma nota acima desse intervalo significa estar entre os 7,5% melhores desempenho, o que pode ser um bom indicativo.

Por fim, a prova de Matemática foi a mais dispersa: seu desvio padrão foi 105 pontos, além de ter o maior máximo (993,9) e média de 518,76. Assim, pode-se inferir que os dados estão mais bem distribuídos entre os intervalos que os demais. Veja o esboço da distribuição das notas:

A partir dele, pode-se verificar que, a partir de 400 pontos, o número de alunos com notas em um intervalo tende a diminuir com o seu aumento, isto é, com o aumento da nota, o número de pessoas que a obtiveram tende a diminuir. Além disso, obter uma nota de 700 pontos significa estar entre os 6% melhores desempenhos, o que pode ser um bom indicativo.

2018

Em 2018, a prova de Ciências da Natureza teve nota média de 493,68, tendo como máximo 869,6 e desvio padrão 74,17 pontos. A seguir, observe o esboço da distribuição.

A partir do gráfico, nota-se que mais da metade das notas foram entre 400 e 500 pontos e que apenas 9% delas foram superiores a 600. Assim, ultrapassar essa marca é um indício de bom desempenho nesta parte do exame.

Já em Ciências Humanas, a nota média foi muito superior: 568,1, mas com nota máxima de 850,4 pontos, inferior à da área anterior. Além disso, seu desvio padrão foi de 81,42, superior ao anterior, o que implica uma distribuição menos concentrada. Um esboço dela é:

Pode-se concluir que, até o intervalo [600-700), com o aumento da faixa de nota, o número de candidatos que a obtiveram foi crescente. Assim, para obter uma nota entre os 2% melhores, era necessário obter mais de 700 pontos.

Já em relação à prova de Linguagens, a pontuação máxima foi inferior às anteriores (816,9), a média foi de 526,45 e o desvio padrão, 73,5 pontos. Observe o esboço da distribuição das notas é:

De modo semelhante ao que ocorreu com a prova de Ciências Humanas, houve um aumento da frequência de notas em um intervalo à medida que ele aumentava. Entretanto, a partir de 600 pontos, há uma tendência inversa, tornando-se a nota mínima para estar entre os 16% melhores candidatos.

Por fim, a prova de Matemática teve uma média de 535,41 pontos. Além disso, foi a matéria com maior desvio padrão (102,15) e com a maior nota máxima(996,1), o que a caracteriza como a mais bem distribuída. O esboço da distribuição é:

Diferentemente das duas anteriores, a frequência de notas em um intervalo diminui com seu aumento a partir de 400 pontos. Além disso, para obter uma pontuação entre as 8% melhores era necessário tirar pelo menos 700 pontos na prova.

2019

Na área de Ciências da Natureza, a nota média foi de 477,82, sendo que o máximo e o mínimo foram, respectivamente, 860,90 e 329,10, enquanto a moda foi 410,7 e o desvio padrão foi de 76,10. Um esboço da distribuição das notas gerado a partir dos valores fornecidos é:

Um ponto importante é que 93,7% dos alunos tiraram até 600 pontos, dos quais  77% obtiveram entre 400 e 600. Assim, conseguir uma nota acima dessa marca tende a significar que você teve um desempenho excelente

Já nas Ciências Humanas, a nota média foi de 507,25, sendo que o máximo foi 835,1 e o desvio padrão foi de 82,41, ou seja, as notas foram mais dispersas que na prova de Ciência da Natureza. Uma representação da distribuição das notas é:

É válido citar que menos de 13% das notas ultrapassam os 600 pontos. Dessa forma, obter uma pontuação acima dessa marca pode ser um indicativo de um ótimo desempenho nessa área.

Com relação à prova de Linguagens, a nota máxima foi 801,7, com média igual a 520,26 e desvio padrão 64,15, o que significa que as notas desta área estão mais concentradas que as anteriores. De fato, um esboço da distribuição é:

É possível concluir que aproximadamente 8,8% das pessoas obtiveram nota superior a 600 pontos, o que significa que passar essa marca indica bom  desempenho na área. Além disso, mais da metade (57,79%) teve entre 500 e 600 pontos, ilustrando a menor dispersão dos dados.

Por fim, a prova de Matemática foi a que apresentou maior desvio padrão (109,06), isto é, as notas foram as mais espalhadas, com média 523,12 e máximo 985,5, outra particularidade desta disciplina.

A partir do gráfico acima, é possível perceber que é a disciplina com mais notas acima de 800 pontos, apesar de que quase um em cada quatro candidatos tenha obtido nota superior a 600; assim, obter uma nota superior a 700 pode significar um bom desempenho na disciplina. Por fim, note que cerca de 65% das notas estavam entre 400 e 600 pontos.

FUVEST (USP)

Para o Vestibular da Universidade de São Paulo, foram analisados os vestibulares aplicados em  2018, 2019, e 2020 (adiado para o começo de 2021). Aqui a Fuvest disponibiliza seu acervo de vestibulares anteriores, que foi usado nesta análise, e também contém todos os vestibulares desde 1980.

Será comparado o desempenho geral dos vestibulandos em cada área de conhecimento, divididas em exatas (matemática, física e química), humanas (português, história, geografia e inglês), e biológicas(biologia e saúde), utilizando o IA (índice de acerto), que é a proporção de alunos que acertaram a questão, variando de 0 a 1.

Também serão apresentadas as médias de nota por área e no geral, assim como a média de nota dos convocados para a segunda fase.

2018 (Fuvest 2019)

Começando pela área de exatas, esta teve um IA médio de 0,333, sendo a área com menor proporção de acertos do ano. Também teve a questão com menos acertos da prova, pouco mais de 10% dos concorrentes acertaram a questão 23, de física.

Abaixo encontra-se a distribuição do IA das 35 questões de exatas:

Para os que concorriam a cursos na área de exatas, a média de acertos foi de 43,2, e para os que foram chamados para a segunda fase, 49,7.

Humanas se mostrou a área com mais acertos, apresentando um IA médio de 0,559, e também a questão mais acertada, aproximadamente 90% para a questão 62, de português.

Foram 45 questões de humanas, e aqui está a distribuição de seus IAs:

Entre os candidatos para cursos de humanas, a média de acertos foi 39,8, e a média entre os convocados para a segunda fase do vestibular, 47,4.

Biológicas, a área mais curta da prova, contou com 10 questões, e um IA médio de 0,535, próximo do da área de humanas. Abaixo se encontra a distribuição, relativamente uniforme:

Para os que se interessavam em ingressar em cursos da área de biológicas, a média de acertos foi de 41,9, e 49,3 entre os que foram convocados para a segunda fase.Analisando o curso de medicina, famoso por suas altas notas de corte, as médias entre os convocados para a segunda fase foram: 73,8 (Campus São Paulo), 67 (Campus Bauru) e 72,7 (Campus Ribeirão Preto).

2019 (Fuvest 2020)

A média de acertos para todos os concorrentes, em 2019 foi de 45,1, pouco mais que metade da prova, enquanto a média daqueles que foram convocados para a segunda fase foi de 52,2 acertos.

Para a área de exatas, o IA médio foi de 0,33, com 35 questões da área, sendo este o IA médio mais baixo dos três. Também na parte de exatas foi a questão com o IA mais baixo do vestibular, com apenas 11% dos alunos acertando a questão 05, de química.

Abaixo está um histograma com a distribuição do IA para as questões:

Para os concorrentes em carreiras da área de exatas, a média de acertos foi 0,474, e a média de acertos para os convocados para a segunda fase 0,547, ambas levemente acima da média geral.

A área de humanas possui o maior IA médio, de 0,598, e a matéria que mais contribuiu para este número alto foi geografia, com apenas um IA abaixo de 0,6. Essa área contou com 45 questões, a maior das três. 

A partir do histograma acima, a média de acertos foi de 42,9, e a média daqueles que foram convocados para a segunda fase foi 50,4, para os concorrentes em carreiras de humanas, ambas abaixo do geral.

A área de Biológicas é a menor de longe, contando com apenas uma matéria e 10 questões. Possui a questão mais acertada do vestibular, com um IA de 0,899, quase o dobro da área no geral, que foi de 0,486.

Aqui está a distribuição do IA pelas questões:

Com relação às médias, a de acertos geral foi de 45,7, e a de acertos para os convocados para a segunda fase foi de 53,2, as mais próximas da média geral.

Para os cursos de medicina, a média de acertos para os convocados para a segunda fase foi 73,1 (campus Bauru), 75,1 (Campus São Paulo) e 75,4 (Campus Ribeirão Preto).

2020 (Fuvest 2021)

Após quase um ano de ensino à distância, o desenrolar dos vestibulares era incerto, e as provas de todas as faculdades públicas tiveram de ser adiadas. Apesar disso, no começo de 2021 os vestibulares finalmente aconteceram e hoje seus concorrentes aprovados já estudam nas instituições públicas. Nos critérios avaliados, a prova Fuvest 2021 não apresenta tantas diferenças: a média de acertos subiu levemente, atingindo 46,6, e a média de acertos para os convocados para a segunda fase foi 54,4.

A área de exatas continua sendo a mais desafiadora para os concorrentes, apresentando um IA médio de 0,377 e o menor IA da prova, com apenas 13% dos participantes acertando a questão 8, de matemática.

Abaixo se encontra a distribuição do IA pelas 34 questões da área:

Para quem concorria por uma vaga em um curso de exatas, a média de acertos foi 48,7, e a média entre os convocados para a segunda fase foi 56,1.

A área de humanas contou com um total de 46 questões, e um IA médio de 0,572.

Aqui está a distribuição do IA da maior área do vestibular, em histograma:

Entre os candidatos a cursos de humanas, a média de acertos foi 44, e entre os convocados foi 52,4.

A breve área de biológicas, com 10 questões, possui um IA médio de 0,559, levemente abaixo de humanas, e também contou com a questão mais acertada do vestibular, com um IA de 0,952 na questão 25, de biologia.

Aqui está a distribuição do IA pelas questões de biologia:

Para os candidatos aos cursos na área de biológicas, a média de acertos foi 47,5, e entre os convocados à segunda fase foi 55,5.

Infelizmente ainda não foram disponibilizadas as médias por curso, então não é possível analisar os candidatos ao curso de medicina separadamente.

Nas análises dos três anos, os treineiros foram desconsiderados nos cálculos.

Clique aqui e veja nossa outra análise sobre o ENEM, aqui do blog!

Fontes: 

https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas/enem

https://acervo.fuvest.br/fuvest/index.html

Texto por Caio Theodoré e Lucas Perondi Kist

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