O prefixo agro, vem do latim “agru” que significa “terra cultivada ou cultivável”. Agricultura é um conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o objetivo de obter alimentação, energia, matéria-prima, entre outros.
No início, os seres humanos eram nômades, portanto, caçavam e não plantavam nenhum tipo de alimento. Foi com a revolução neolítica que foi iniciada a agricultura e a sedentarização dos seres humanos que moravam nas cavernas. Assim, desde esse período, a agricultura se desenvolveu bastante e será bastante discutida neste artigo.
AGRONEGÓCIO NO BRASIL
No Brasil, a agricultura teve seu maior desenvolvimento na região nordeste, no século XVI, com a criação das capitanias hereditárias, que foi a divisão, por ordem da coroa portuguesa, do litoral brasileiro em 15 partes e tinha como principal intuito fazer plantações e ocupar território no Brasil. O principal produto plantado na época era a cana-de-açúcar.
A partir do século XVIII, com a mineração e o início das plantações de café, o cultivo de outros vegetais aumentou. Assim, a plantação de café fez com que uma nova fase da economia brasileira tivesse início e que perdurou até o início do século XX, quando ocorreu a famosa crise do café, afetando muitos agricultores e o país inteiro. Dessa forma, com a crise do café, e também com o aumento da urbanização do Brasil, houve a necessidade de maior diversidade da economia e aumento do cultivo de outras matérias-primas.
Em 2020, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 1,98 trilhão ou 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo que a maior parcela de colaboração foi o ramo agrícola, que correspondeu a 70% desse valor (R$ 1,38 trilhão), a pecuária correspondeu a 30% (602,3 bilhões). Além disso, o setor do agronegócio absorve praticamente 1 de cada 3 trabalhadores brasileiros.
Atualmente, segundo dados da Embrapa, o Brasil ocupa 75,4 milhões de hectares de área plantada, sendo que o cultivo de grãos representa 62,9 milhões de hectares. As principais plantações no Brasil em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são as que estão apresentados na tabela a seguir, apresentando o valor da produção:
Quanto ao comércio internacional, 48% das exportações brasileiras, em 2020, foram de produtos pertencentes ao agronegócio, tendo grande participação na economia brasileira. Também, sendo mostrado na imagem abaixo que revela que desde 2010 o superávit comercial do agronegócio tem superado o déficit dos demais setores da economia. Sendo que o gráfico mostra como o agronegócio influencia a balança comercial brasileira:
No Brasil tem-se a divisão entre a agricultura familiar e o agronegócio:
Agricultura familiar trata-se do cultivo de terra realizado por pequenos proprietários rurais, tendo como mão de obra principal o núcleo familiar, responsável por grande parte dos produtos agrícolas consumidos no Brasil atualmente. Já o agronegócio se refere ao cultivo de terra realizado em larga escala, utilizando máquinas para a colheita e tendo como foco a exportação dos produtos produzidos.
Além disso, segundo dados do IBGE, recolhidos no censo agropecuário 2017-2018, 76,8% dos 5.073 milhões de estabelecimentos rurais do Brasil foram pertencentes à agricultura familiar. Também, em termos de produção, há indicação que a agricultura familiar gerou receita de 106,5 bilhões de reais, enquanto a da agricultura não familiar foi de 355,9 bilhões de reais.
MECANIZAÇÃO DO CAMPO
Outro importante aspecto ligado ao agronegócio é a substituição da mão de obra humana por máquinas, sendo conhecido este movimento como a mecanização do campo.
Dessa forma, podemos perceber como é um assunto importante e traz consigo pontos negativos e positivos.
Por um lado, antes da industrialização o campo exercia influência nas cidades, porém com a mecanização a parte rural começa a depender mais das cidades, para fornecer a tecnologia do maquinário, equipamentos, entre outros. Além disso, a modernização contribuiu para o aumento do desemprego no campo e juntamente com o grande domínio de terras por poucas pessoas, intensificou o êxodo rural.
Também, outro ponto negativo a ser lembrado é que com a mecanização do campo, as áreas para plantio e para o gado são expandidas, pois as máquinas conseguem percorrer mais terreno em menos tempo do que os humanos. Assim, fazendo com que muitas áreas de floresta e áreas vegetais sejam cada vez mais desmatadas e destruindo o lar de muitos animais, fazendo com que animais selvagens apareçam cada vez mais em cidades urbanas.
Por outro lado, os lados positivos da mecanização do campo, é o aumento da produtividade e economia de tempo. Além disso, pode economizar recursos, pois segundo uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional do Café, revelou que a diferença dos recursos dos custos por saca de café entre os métodos de colheita manual e os mecanizados foi de 26% (R$359/saca no manual e R$ 257/saca no mecanizado).
Também, outra parte positiva é que as novas tecnologias aplicadas à atividade agrícola são capazes de garantir maior qualidade aos produtos. Como pode ser visto no exemplo que os métodos de colheita impactam diretamente a integridade e a higiene de grãos e ao mecanizar a colheita nessa etapa da produção, evita-se que o produto entre em contato com a terra, o que poderia comprometer sua qualidade e causar desperdício de alimentos.
REVOLUÇÃO VERDE
A Revolução Verde se deu pela modernização da agricultura em escala global, efetivada por meio da incorporação de inovações tecnológicas na produção. Teve como base as sementes geneticamente modificadas, os maquinários agrícolas e os insumos químicos, como fertilizantes e agrotóxicos e trazendo inovações nos sistemas de irrigação. O propósito da Revolução Verde era, inicialmente, o aumento da produção de alimentos em escala mundial como forma de garantia de segurança alimentar.
Como a mecanização do campo, a revolução verde também tem pontos positivos e negativos. Uma das vantagens é a eficácia na produção agrícola, aumentando a produtividade. Além disso, com o melhoramento genético e desenvolvimento de fertilizantes e técnicas de preparo do solo, foi possível adaptar o cultivo em diferentes condições climáticas e solos diversos, como é o caso da soja no cerrado, em que o solo é ácido, mas foi possível a plantação.
Na parte negativa, houve a expulsão de pequenos proprietários e trabalhadores rurais do campo, ocasionado pela maior qualificação profissional, o que acabou levando a muitos trabalhadores com menos qualificação a ficarem desempregados. Além disso, os insumos e agrotóxicos podem ser prejudiciais à saúde humana, também poluindo o solo onde é plantado e a parte hídrica.
CONCLUSÃO
Assim, com esse artigo, podemos perceber como o agronegócio tem uma grande porcentagem na economia brasileira, além de que este tema é muito importante e apresenta tanto pontos positivos quanto negativos, necessitando-se um equilíbrio nas opiniões sobre o assunto, sempre buscando dados e informações verdadeiras para não afetar o seu julgamento de forma errônea. Dessa forma, recomendamos outro texto do nosso blog, “Como mentir com a estatística”.
Autor: Rubens Cortelazzi Roncato
Adorei conhecer mais sobre os dados e importância do Agronegócio no Brasil. Quem sabe em algum momento os pequenos agricultores também possam ser incluídos, afinal fazem sua contribuição ao país. Parabéns pelo artigo Rubens.