A História da Indústria dos Quadrinhos

A origem, seu desenvolvimento, o impacto na indústria cultural como um todo, seus altos e baixos e a situação atual da indústria de Quadrinhos.

A Origem nos EUA.

A história das histórias em quadrinhos (HQs) que conhecemos hoje começou por meados do século XIX, com as histórias de Richard Outcault “Yellow Kid” e “Buster Brown” em forma de tirinhas nos jornais dos Estados Unidos. Com a popularização das tirinhas e a curta vida útil de um jornal diário, na década de 30 surgiram as primeiras revistas de quadrinhos como uma alternativa para guardar as tirinhas, visto que os jornais eram descartados logo após serem lidos. 

O cenário mudou em 1938 quando a primeira revista em quadrinhos de um super herói foi lançada, a Action Comics #1 estreando o Superman. O sucesso foi absoluto e, em pouco tempo depois, outros super heróis foram surgindo, como por exemplo o Tocha Humana, Mulher Maravilha, Capitão América e Batman.

Capa da 1º edição da revista

As histórias em quadrinhos dos super heróis tiveram grande importância política, sendo um meio de inspiração para os americanos nas guerras, com foco na Segunda Guerra Mundial. As crianças eram o grande público alvo e para elas esses super heróis serviam como símbolos do bem e do nacionalismo americano. Com o passar do tempo, mais personagens e mais conflitos políticos foram surgindo e assim, os heróis tinham histórias que remeteram indiretamente a esses conflitos. Para saber mais sobre a relação entre HQs e política leia

A Indústria no Brasil.

No Brasil, a história começa em 1869 com As Aventuras de Nhô Quim do italiano Angelo Agostini que, assim como nos EUA, apareciam em forma de tirinhas nos jornais. Apesar de ter iniciado sua história bem cedo, as revistas em quadrinhos só foram se popularizar depois da década de 60 contando com nomes como Ziraldo (criador do Menino Maluquinho) e Mauricio de Sousa (criador da Turma da Mônica). Desde então, com a lei de incentivo à produção nacional, eventos de gibis e adaptações cinematográficas o mercado brasileiro segue a todo vapor.

Não há como falar de quadrinhos no Brasil sem falar de Maurício de Sousa, que inspirado em sua filha criou a famosa Turma da Mônica em 1970, e desde então segue presente na infância e no processo de alfabetização de muitas crianças brasileiras, seja nos quadrinhos ou na série animada. Maurício concorreu a uma cadeira na academia brasileira de letras recentemente, e infelizmente não conseguiu, mas a indicação por si só já mostra o quão importante é.  

Capa da 1º edição da Turma da Mônica

O Mercado Americano e seus Impactos Globais.

Quando se fala de HQ, não tem como não falar sobre as duas grandes editoras DC e Marvel. A DC foi comprada pelo Time Warner (AT&T) em 1969, não se sabe quanto foi pago, mas recentemente o Time Warner foi comprado pela Discovery por 43 bilhões de dólares. Quanto à Marvel, a história já é um pouco mais complicada. Em agosto de 2009 a Disney comprou a Marvel Entertainment por aproximadamente 4 bilhões de dólares, porém a Fox nos anos 90 comprou os direitos cinematográficos dos X-Men (grupo mais popular da editora na época) e no início dos anos 2000 se tornou a responsável pela distribuição cinematográfica do Quarteto Fantástico (1º grupo da editora), por fim, a Sony em 1998 havia comprado os direitos do Homem-Aranha (o personagem mais famoso da Marvel). Portanto, a Disney detém os direitos de todos os heróis da Marvel, exceto os personagens do universo do Homem-Aranha, pois comprou a Fox recentemente. Para saber mais sobre a compra da Marvel pela Disney clique aqui.

A DC teve seus momentos difíceis da década de 70 a 80 (chegando a quase ser vendida) que só se resolveram depois de uma gigantesca reestruturação editorial. Essa reestruturação deu origem a Crise das Infinitas Terras, uma das maiores sagas da história dos quadrinhos, e que resumindo foi um reboot do universo. Desde então a estratégia da editora para esses momentos difíceis ou sentimento de estagnação, é fazer uma grande saga (que geralmente é chamada de crise) para reiniciar o universo nos quadrinhos. A DC tentou criar seu próprio universo cinematográfico, mas acabou ficando muito bagunçado e então, atualmente, está passando por uma reformulação geral, reiniciando um novo universo.  

A Marvel por outro lado, para superar seu momento mais difícil de quase falência teve que se vender e apostar nas adaptações cinematográficas. Aposta essa que deu tão certo para a Disney que conseguiu revolucionar o cinema com um grande e lucrativo universo, que atualmente se expandiu para séries no serviço de streaming. Tão lucrativo que, apenas com a bilheteria de seus dois maiores filmes (Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato), conseguiu mais do que os 4 bilhões de dólares que a Disney pagou na compra da editora, além de possuir 4 filmes entre os 10 filmes com maior bilheteria do cinema

Análise do Cenário Atual

Ao longo dos últimos 20 anos, a tecnologia avançou e as mídias digitais se tornaram cada vez mais comuns, os quadrinhos foram aderindo às mídias digitais com serviços de assinatura como o Marvel Unlimited, DC Universe Infinite e Comixology. Porém o digital, apesar de popular, ainda não é o estilo de consumo preferido do público, até mesmo durante a pandemia de COVID-19.

Gráfico comparando as vendas de Graphic Novels, HQs físicas e Downloads de mídia digital ao longo do tempo. Fonte: ICv2

A revista ICv2 junto com o portal Comichron acompanham e publicam valores sobre o mercado americano de quadrinhos, e anualmente costumam fazer um balanço geral com os dados do ano e comparam em relação aos anos anteriores. Com os dados do balanço de 2021, vemos que as mídias digitais cresceram levemente nos anos de pandemia e que as Graphic Novels (História em Quadrinho com história mais longa e completa) se tornaram tendência no mercado, sendo mais lucrativas do que as HQs normais em mídia física e digital. Comparando as vendas de 2021 em relação a 2020, temos que as mídias digitais tiveram crescimento de 6%, as HQs físicas aumentaram 150 milhões de dólares (cresceram cerca de 52%) e por fim as Graphic Novels faturaram 635 milhões, tendo assim um crescimento bem expressivo de 72%
Analisando as vendas anuais totais de 2012 a 2021, vemos que o mercado cresceu em todos os anos exceto 2017, e que em 2021 houve um crescimento muito fora do padrão. Se olharmos de 2012 a 2020 a média de crescimento entre os anos é de 6% em relação ao ano anterior, olhando apenas para 2021 vemos um crescimento de 795 milhões de dólares em relação a 2020 (um crescimento de 62%) .

Balanço anual de vendas de Quadrinhos. Fonte: ICv2.

Por tanto, a indústria que começou praticamente a um século atrás, teve seus altos e baixos ao longo dos anos, mas atualmente se encontra em alta, tanto nos quadrinhos quanto nas adaptações cinematográficas. Se gostou do texto, curta e venha ler outros textos do nosso blog aqui.

Texto por Ana Julia Cunha e Silva.

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